

Juiz ordena libertação de Mahmoud Khalil, símbolo de protestos pró-Palestina em universidade dos EUA
Um juiz federal dos Estados Unidos ordenou nesta sexta-feira (20) ao governo de Donald Trump a libertação imediata de Mahmoud Khalil, um dos líderes dos protestos pró-palestinos na Universidade de Columbia, que estava detido há mais de três meses.
Khalil deveria ser libertado no final da tarde desta sexta-feira do centro de detenção migratória do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE) em Jena, Louisiana, após entregar seu passaporte ou outro documento de viagem para evitar uma fuga do país.
Casado com uma americana e com residência legal no país, ele é o único manifestante pró-palestinos que continua preso no âmbito da investida da administração republicana para pôr fim ao que classifica como atos de "antissemitismo" nas universidades.
Durante uma audiência realizada nesta sexta em um tribunal do estado de Nova Jersey, o juiz Michael Farbiarz decretou a libertação imediata de Khalil, sobre quem não havia nenhuma acusação formal.
"Depois de mais de três meses, finalmente podemos respirar aliviados e saber que Mahmoud está a caminho de casa comigo e com Deen, que nunca deveria ter sido separado de seu pai", disse sua esposa Noor Abdalla, que deu à luz ao primeiro filho do casal durante a detenção do marido.
"Sabemos que esta decisão não aborda as injustiças que o governo Trump trouxe para nossa família e para tantos outros que o governo está tentando silenciar por falar contra o genocídio em curso de Israel contra os palestinos", acrescentou em comunicado.
Khalil foi detido em 8 de março com base na aplicação de uma lei de 1952, defendida pelo secretário de Estado, Marco Rubio, que alegava que suas atividades colocaram os interesses dos Estados Unidos em risco. Ele foi uma das figuras mais visíveis dos protestos pró-palestinos do ano passado na Universidade de Columbia, em Nova York, que depois se espalharam para outros centros do país.
- Símbolo -
Em 11 de junho, o juiz Farbiarz determinou que Khalil não poderia ser preso ou expulso do país com base nessas acusações e deu prazo até sexta-feira da semana passada para sua soltura, mas o governo se recusou a cumprir a ordem alegando que houve irregularidades na sua solicitação de permissão de residência.
Nesta sexta, o juiz decidiu que essas alegações não justificam a detenção e ordenou sua soltura.
Na rede social X, o Departamento de Segurança Interna argumentou que um juiz de imigração e não um juiz distrital é quem "tem autoridade para decidir se o Sr. Khalil deve ser libertado ou detido".
"No mesmo dia em que um juiz de imigração negou a fiança a Khalil e ordenou sua expulsão, um juiz distrital sem escrúpulos ordenou sua liberdade", o que, segundo o departamento, "não é mais que um exemplo de como membros descontrolados do poder judiciário estão minando a segurança nacional".
Sua libertação seria uma vitória para Khalil, que se tornou um símbolo da luta contra a tentativa de acabar com a liberdade de expressão nas universidades, disfarçada de combate ao antissemitismo.
Ele foi o primeiro de uma série de estudantes presos por participarem dos protestos que abalaram as universidades do país para pedir o fim da guerra de Israel em Gaza.
A libertação de Khalil foi fruto de um esforço incansável de vários escritórios de advocacia e organizações como o Centro de Direitos Constitucionais e a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU).
No âmbito da campanha contra estudantes pró-palestinos, o governo republicano suspendeu e revogou mais de 1.000 vistos e residências permanentes e deteve pelo menos 12 alunos.
Embora os tribunais federais tenham determinado que essas detenções violaram a constituição, os processos de deportação continuam em andamento.
F.Vasiliou--AN-GR