

Dinamarca denuncia que 'ator' está por trás de presença de drone nas imediações de aeroportos
Drones de origem desconhecida sobrevoaram aeroportos civis e militares na Dinamarca pela segunda vez nesta semana, em uma operação que o Ministério da Defesa denunciou nesta quinta-feira (25) como "sistemática" e provocada por um "ator profissional".
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, disse que a Aliança leva "muito a sério" o incidente com drones relatado nesta quinta-feira em um país membro. Ele afirmou que está trabalhando para garantir a segurança deste tipo de infraestrutura.
Os dispositivos foram observados sobre os terminais aéreos de Aalborg (norte), Esbjerg (oeste), Sonderborg (sul) e a base aérea militar de Skrydstrup (sul), antes do afastamento por conta própria, segundo a polícia.
Na noite de segunda-feira, drones não identificados já haviam sido detectados sobre o aeroporto da capital Copenhague, assim como sobre o aeroporto de Oslo, na vizinha Noruega, o que provocou a interrupção do tráfego aéreo por várias horas.
Entretanto, a Dinamarca "não dispõe de informações que permitam identificar os responsabilidades pelos eventos dos últimos dias", declarou o chefe de inteligência militar, Thomas Ahrenkiel, durante uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira.
O chefe dos serviços de inteligência, Finn Borch, destacou, por sua vez, que "o risco de sabotagem russa na Dinamarca é alto".
A Rússia negou "veementemente" o envolvimento no ocorrido e sua embaixada em Copenhague denunciou uma "provocação orquestrada".
Os incidentes aconteceram após a incursão de drones russos na Polônia e Romênia, além de aviões de combate de Moscou no espaço aéreo da Estônia, mas as autoridades dinamarquesas e europeias não estabeleceram, até o momento, qualquer relação entre os incidentes.
No fim de semana passado, outros aeroportos europeus, em particular os de Bruxelas, Londres, Berlim e Dublin, foram afetados por um ataque cibernético que não teve a origem determinada.
"Não há dúvida de que tudo indica que se trata da obra de um ator profissional, quando falamos de uma operação tão sistemática em tantos lugares e praticamente ao mesmo tempo", disse o ministro da Defesa, Troels Lund Poulsen, em uma entrevista coletiva.
"O objetivo desse tipo de ataque híbrido é semear o medo, criar divisão e nos assustar", declarou o ministro da Justiça, Peter Hummelgaard.
- Ativar o Artigo 4? -
Questionado se a Dinamarca poderia ativar o Artigo 4 da Otan, que prevê consultas entre aliados em caso de ameaças contra um de seus membros, o ministro da Defesa afirmou que ainda não foi tomada nenhuma "decisão definitiva" a respeito.
"É uma das opções que estamos examinando. Teremos reuniões sobre esta questão", acrescentou.
A Dinamarca escandinavo receberá na próxima semana os chefes de Estado e de Governo dos países da União Europeia (UE) para uma reunião de cúpula em Copenhague.
Durante os sobrevoos recentes, o aeroporto de Aalborg, no norte da Dinamarca e um dos maiores do país, permaneceu fechado por várias horas.
A Polícia e o Exército decidiram não derrubar os drones pensando na segurança dos civis, informou o comandante do Estado-Maior das Forças Armadas, Michael Hyldgaard.
"Os operadores dos drones também não foram detidos", explicou a Polícia local algumas horas antes.
Segundo as autoridades, os drones "voaram com luzes e foram observados do chão", mas não foi possível determinar o tipo de aparelho nem o motivo do sobrevoo.
Os aeroportos de Esbjerg e Sonderborg não suspenderam as operações porque não tinham voos programados no horário.
- "Ataque grave" -
A Polícia anunciou a abertura de uma investigação, em colaboração com os serviços de inteligência dinamarqueses e o Exército, para "esclarecer as circunstâncias" dos incidentes.
Na Noruega, a Polícia anunciou que apreendeu um drone operado por um homem de nacionalidade estrangeira perto do aeroporto internacional de Oslo na quarta-feira.
Após o sobrevoo de drones no aeroporto de Copenhague, a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, denunciou o "ataque mais grave contra uma infraestrutura crítica" no país e afirmou que "não descartava" a possibilidade de participação da Rússia.
Ela se referia, também, às recentes invasões de drones na Polônia e na Romênia e à incursão de caças russos no espaço aéreo da Estônia em meados de setembro.
Os governos dos três países, também membros da Otan, culparam a Rússia, que negou qualquer envolvimento.
Os incidentes aconteceram uma semana após a Dinamarca anunciar a aquisição, pela primeira vez, de armas de precisão de longo alcance, por considerar que a Rússia representará uma ameaça "por muitos anos".
C.Karamanos--AN-GR