Athens News - Milhares de fiéis celebram a canonização do primeiro santo millennial no Vaticano

Milhares de fiéis celebram a canonização do primeiro santo millennial no Vaticano
Milhares de fiéis celebram a canonização do primeiro santo millennial no Vaticano / foto: Filippo Monteforte - AFP

Milhares de fiéis celebram a canonização do primeiro santo millennial no Vaticano

Milhares de pessoas se reuniram neste domingo(7) no Vaticano para celebrar a canonização do primeiro santo da geração millennial, o italiano Carlo Acutis, um adolescente conhecido como o "influenciador de Deus", que morreu com apenas 15 anos.

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Durante a missa solene, que começou às 10h locais (5h em Brasília) na Praça São Pedro, o papa Leão XIV declarou oficialmente santo Acutis, o "ciberapóstolo", já que dedicou grande parte de sua vida a divulgar a fé católica na internet.

Na cerimônia, o pontífice também canonizou outro italiano que faleceu ainda jovem, o estudante Pier Giorgio Frassati (1901-1925), apaixonado por alpinismo, conhecido por seu compromisso social e espiritual.

Segundo o papa, o exemplo de ambos é "um convite dirigido a todos nós, especialmente aos jovens, para não desperdiçar a vida, mas orientá-la para o alto e transformá-la em uma obra-prima".

Sob um sol radiante e um importante esquema de segurança, cerca de 80.000 pessoas, segundo o Vaticano, muitas delas jovens, reuniram-se na praça. Muitas carregavam bandeiras de seus países ou imagens de Acutis.

"Estou contente por ver tantos jovens!", disse o papa Leão XIV, poucos minutos antes do início da cerimônia.

A canonização de Acutis, que morreu de leucemia em 2006, deveria ocorrer em 27 de abril, mas foi adiada devido à morte do papa Francisco.

Acutis era muito talentoso em informática e criou uma exposição digital sobre os milagres eucarísticos.

"Carlo Acutis foi um exemplo para mim, porque soube combinar sua vida cotidiana — a escola, o futebol e sua paixão pela informática — com uma fé inabalável", disse à AFP Filippo Bellaviti, de 17 anos, natural de Vignate, perto de Milão.

Nascido em Londres em 1991, no seio de uma família italiana abastada e pouco praticante, Acutis cresceu em Milão e mostrou desde muito cedo grande fervor religioso.

Foi beatificado em 2020, e o Vaticano lhe atribui dois milagres que o qualificaram para ser canonizado: a cura de um menino brasileiro com uma rara condição no pâncreas e a de uma estudante costarriquenha gravemente ferida em um acidente.

Em Assis, onde o túmulo de Acutis atrai todos os anos centenas de milhares de peregrinos e curiosos, a diocese instalou telões para acompanhar a cerimônia.

"Eu sei que muitos virão, muitos assistirão pela televisão (...). E tenho certeza de que Carlo agradece a todos", declarou sua mãe, Antonia Salzano, em um vídeo publicado neste sábado pela Diocese de Assis.

Com cerca de um milhão de visitantes em 2024, esta diocese registra o aumento contínuo da presença no Santuário do Despojamento, onde o corpo do adolescente de face rechonchuda e cabelos escuros repousa em jeans, tênis Nike e roupas esportivas.

- "Processo" muito rápido -

A canonização, que segue a beatificação, é o resultado de um processo longo e meticuloso e só pode ser aprovada pelo papa.

Requer três condições: ter morrido há pelo menos cinco anos, uma existência cristã exemplar e ter realizado pelo menos dois milagres, um deles após a beatificação.

Esta decisão é objeto de um "processo", uma investigação conduzida no Vaticano pelo Dicastério das Causas dos Santos, na qual especialistas como médicos e teólogos se encarregam de avaliar se houve milagres, que geralmente são curas sem explicação científica.

O processo de canonização do jovem Carlo Acutis foi muito rápido, algo pouco habitual. Já Pier Giorgio Frassati, também canonizado neste domingo, morreu há 100 anos.

Frassati nasceu em Turim em uma família burguesa e rompeu com a trajetória de seu pai, senador e fundador do jornal La Stampa, para se colocar ao serviço dos pobres e doentes de sua cidade.

Falecido aos 24 anos devido à poliomielite, foi erigido pela Igreja Católica como modelo de caridade.

Mais de 30 anos após sua beatificação por João Paulo II em 1990, o Vaticano reconheceu um segundo milagre no final de 2024: a cura inexplicável de um jovem americano em coma.

Esta cerimônia de canonização, a primeira do papa Leão XIV desde sua eleição em maio, ocorreu em pleno Jubileu, o "Ano Santo" da Igreja Católica, que já atraiu a Roma mais de 24 milhões de pessoas, segundo o Vaticano.

T.Karagounis--AN-GR