

Trump anuncia que Israel e Irã concoradaram com 'cessar-fogo total'
O presidente Donald Trump anunciou nesta segunda-feira (23) que Irã e Israel estabeleceram "um cessar-fogo total" que significará o "fim oficial" da guerra na qual os Estados Unidos intervieram com o ataque a instalações nucleares iranianas.
Nenhum dos países confirmou o anúncio, que chega 12 dias depois de Israel atacar o Irã com o objetivo declarado de impedir que adquira uma arma atômica.
O Irã nega querer fabricar armas atômicas, mas defende o seu direito a desenvolver um programa nuclear civil.
"Foi plenamente acordado por e entre Israel e Irã que haverá um CESSAR-FOGO TOTAL e COMPLETO", escreveu Trump nesta segunda em sua plataforma Truth Social.
Segundo Trump, o cessar-fogo seria um processo gradual de 24 horas que começaria por volta das 1h de Brasília desta terça. Primeiro, o Irã colocará fim unilateralmente a todas as operações e Israel faria o mesmo 12 horas depois.
"Na hora 24, o mundo dará boas-vindas ao fim oficial da guerra de 12 dias", disse o presidente americano. Acrescentou que ambas as partes aceitaram permanecer "pacíficas e respeitosas" durante cada fase do processo.
Minutos depois do anúncio de Trump, os Guardiões da Revolução, o exército ideológico do Irã, prometeram fazer com que os Estados Unidos lamentem qualquer novo ataque contra seu território.
"Advertimos ao tolo e estúpido presidente americano [Donald Trump] que, no caso de se repetir uma agressão [...], receberá respostas mais contundentes que lamentará", afirmou o chefe da Guarda Revolucionária, Mohammad Pakpour, citado pela televisão estatal.
- 'Muito fraco' -
O Irã atacou nesta segunda-feira a base militar americana de Al Udeid no Catar em represália pelos ataques dos Estados Unidos de domingo contra três instalações nucleares iranianas.
Antes do anúncio de cessar-fogo, Trump classificou de "muito fraco" o ataque de represália, mas agradeceu ao Irã por ter avisado com antecedência.
O Catar afirmou que interceptou os projéteis lançados contra a base militar, a maior que os americanos possuem no Oriente Médio.
"Em resposta à ação agressiva e insolente" dos Estados Unidos, as forças armadas iranianas "atacaram a base aérea americana de Al Udeid", no Catar, informou o Conselho de Segurança Nacional iraniano.
Teerã afirma que lançou seis mísseis contra a base americana, o mesmo número de bombas que os Estados Unidos usaram ao atacar as instalações nucleares do Irã.
Mark, de 29 anos, um americano em visita ao país, declarou à AFP ter visto como os mísseis foram disparados.
"Então chegaram os foguetes da base militar e destruíram os mísseis [...] Me deram calafrios", contou.
A televisão estatal iraniana mostrou pela noite imagens ao vivo de manifestantes exultantes em Teerã aos gritos de "Morte aos Estados Unidos!".
Em seus ataques do fim de semana, Estados Unidos atingiram uma usina subterrânea de enriquecimento de urânio em Fordo e instalações nucleares de Isfahan e Natanz, no centro do país. Segundo o Pentágono, esses bombardeios "devastaram o programa nuclear iraniano".
Por sua vez, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) considera impossível, por ora, avaliar os danos e pediu acesso às instalações iranianas.
Os especialistas acreditam que o Irã pode ter retirado seu material nuclear, e Teerã afirma que ainda tem reservas de urânio enriquecido.
Na noite desta segunda, o Irã pediu aos moradores de Ramat Gan, nos subúrbios de Tel Aviv, que evacuassem, após uma ordem similar emitida pelo Exército israelense à população que vivia em uma área do centro de Teerã.
Israel atacou nesta segunda-feira centros de comando da Guarda Revolucionária e a prisão de Evin.
Também declarou ter realizado ataques para "bloquear as vias de acesso" ao depósito de Fordo, enterrado sob uma montanha, ao sul de Teerã.
A guerra já deixou mais de 400 mortos e 3.000 feridos no Irã, a maioria deles civis, segundo um balanço oficial. Por outro lado, os ataques iranianos contra Israel mataram 24 pessoas, segundo autoridades israelenses.
- Mudança de regime? -
Desde o começo da guerra, o Irã tem respondido com o lançamento de mísseis e drones contra Israel, e pode retaliar fechando o Estreito de Ormuz, por onde passa um quinto da produção mundial de petróleo.
Mas, "se o regime iraniano se nega a encontrar uma solução pacífica [...] por que o povo iraniano não deveria tirar o poder desse regime incrivelmente violento que o reprime há décadas?", questionou.
F.Vasiliou--AN-GR