Athens News - Em cúpula no Chile, líderes de esquerda advertem que democracia está 'sob ataque'

Em cúpula no Chile, líderes de esquerda advertem que democracia está 'sob ataque'
Em cúpula no Chile, líderes de esquerda advertem que democracia está 'sob ataque' / foto: Rodrigo Arangua - AFP

Em cúpula no Chile, líderes de esquerda advertem que democracia está 'sob ataque'

Os governantes de Chile, Espanha, Brasil, Colômbia e Uruguai advertiram nesta segunda-feira (21) que a democracia "está sob ataque", e fizeram um chamado em sua defesa ante a desinformação e os extremismos, em uma cúpula de líderes de esquerda em Santiago.

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O encontro coincide com uma escalada de tensões entre Brasil e Estados Unidos pela política tarifária do presidente Donald Trump.

Em 9 de julho, o dirigente americano anunciou tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras aos Estados Unidos e as justificou por uma suposta "caça às bruxas" no Brasil contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de golpe em 2022.

Sob o lema "Democracia Sempre", a cúpula de líderes de esquerda também acontece no momento em que há um avanço de partidos e governos de extrema direita na Europa e na América Latina.

"No momento em que a democracia está sob ataque em diferentes partes, [...] há um grupo importante, grande, de líderes de países distintos, mas com visões que se complementam, para defender a democracia", disse o presidente do Chile, Gabriel Boric, ao encerrar o encontro no palácio presidencial de La Moneda.

Na reunião, que também abordou a defesa do multilateralismo e a luta contra as desigualdades sociais, participaram, além de Boric, os governantes Luiz Inácio Lula da Silva, Gustavo Petro (Colômbia); Pedro Sánchez (Espanha), e Yamandú Orsi (Uruguai).

"Nossas sociedades enfrentam uma ameaça real liderada por uma coalizão de interesses entre oligarcas e a extrema direita, uma -- chamemos assim -- internacional do ódio e da mentira que avança perigosamente", disse o presidente de governo da Espanha, Pedro Sánchez, cujo Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) está envolvido em um escândalo de corrupção.

Lula explicou que os cinco participantes da cúpula coincidiram na "necessidade de regulamentação das plataformas digitais e do combate à desinformação".

"A chave para um debate público livre e plural é a transparência de dados e uma governança digital global", afirmou.

- 'Mensagem hostil' -

"É valioso que governantes com certa afinidade política reafirmem seus compromissos e discutam como navegar em um mundo cada dia mais complexo e turbulento", declarou à AFP Michael Shifter, do centro de estudos Diálogo Interamericano.

O analista, no entanto, advertiu que a reunião poderia não agradar ao presidente americano e que ele poderia responder com ameaças de adotar mais tarifas. "É razoável pensar que Trump pode considerar a reunião como uma mensagem hostil aos Estados Unidos."

Após o encontro no Palácio de La Moneda, os cinco governantes participaram de um almoço com diversas personalidades, como o prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, a filósofa americana Susan Neiman, e a ex-presidente chilena Michelle Bachelet.

A jornada termina com uma reunião com organizações sociais e cidadãs.

A cúpula em Santiago tem sua origem no encontro convocado por Pedro Sánchez e Lula em outubro do ano passado, no contexto da Assembleia Geral das Nações Unidas, com pedidos para enfrentar os extremismos e a desinformação nas redes sociais.

Sánchez anunciou nesta segunda que um novo encontro de líderes progressistas será realizado em 2026 na Espanha.

Mas as propostas formuladas na cúpula desta segunda serão apresentadas em uma nova reunião prevista para setembro, no âmbito do 80º período de sessões da Assembleia Geral da ONU em Nova York.

Segundo Boric, os presidentes de México, Claudia Sheinbaum; Honduras, Xiomara Castro, e África do Sul, Cyril Ramaphosa, já confirmaram participação. Além disso, o dirigente chileno assegurou que estarão presentes os primeiros-ministros de Canadá, Mark Carney; Reino Unido, Keir Stamer, e Dinamarca, Mette Frederiksen.

K.Michailidis--AN-GR