Athens News - Juíza pede que governo Trump justifique corte bilionário de fundos para Harvard

Juíza pede que governo Trump justifique corte bilionário de fundos para Harvard
Juíza pede que governo Trump justifique corte bilionário de fundos para Harvard / foto: Rick Friedman - AFP/Arquivos

Juíza pede que governo Trump justifique corte bilionário de fundos para Harvard

Uma juíza americana instou o governo de Donald Trump, nesta segunda-feira (21), a justificar o corte de mais de 2 bilhões de dólares (R$ 11,12 bilhões, na cotação atual) em fundos federais à Universidade de Harvard, o que provocou uma resposta furiosa do presidente.

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A juíza Allison Burroughs pressionou o advogado do governo para que explique como a redução de recursos para pesquisa ajudará a proteger os estudantes do antissemitismo no campus, uma acusação que constitui o núcleo da campanha de Trump contra Harvard.

Essa prestigiosa instituição privada moveu uma ação em abril em busca de impedir que o Executivo cortasse seu acesso a fundos e subsídios federais sob o argumento de que não estaria protegendo seus alunos judeus e israelenses.

Como consequência, Harvard congelou a contratação de pessoal e suspendeu programas ambiciosos de pesquisa, especialmente no âmbito da saúde pública e medicina, o que, segundo especialistas, coloca em risco a vida dos americanos.

A universidade alega que o governo republicano está realizando "represálias inconstitucionais", enquanto a administração defende que as medidas são necessárias para proteger os estudantes judeus e israelenses.

Ambas as partes haviam solicitado à juíza uma decisão sumária para evitar um julgamento, mas não estava claro se isso seria concedido.

O que não impediu Trump de criticar Burroughs, nomeada durante o mandato do democrata Barack Obama (2009-2017), afirmando sem provas que o caso já havia sido decidido contra o governo.

"O caso de Harvard acaba de ser julgado em Massachusetts diante de uma juíza nomeada por Obama. É um DESASTRE TOTAL, e digo isso antes mesmo de ouvir sua decisão", escreveu o republicano em sua plataforma Truth Social.

"Harvard tem 52 bilhões de dólares no banco e, ainda assim, são antissemitas, anticristãos e antiamericanos", disse Trump.

Tanto Harvard quanto a Associação Americana de Professores Universitários moveram ações judiciais contra as medidas do governo, que foram combinadas e tramitaram nesta segunda-feira.

- Controle acadêmico -

Trump solicitou que o caso de Harvard fosse julgado no Tribunal de Apelações dos EUA, em vez do tribunal federal de Boston, localizado a cerca de 10 km do coração do campus universitário de Cambridge.

"Este caso se refere aos esforços do governo para usar a retenção de fundos federais como alavanca para obter controle sobre as decisões acadêmicas de Harvard", afirmou a universidade em um processo apresentado em um tribunal federal de Massachusetts.

Harvard tem estado no centro do ataque promovido por Trump contra as principais universidades, após elas se recusarem a submeter à supervisão seus currículos, pessoal, seleção de alunos e políticas de diversidade e inclusão.

Trump e seus aliados afirmam que Harvard e outras universidades prestigiosas são bastiões liberais, anticonservadores e antissemitas.

Além disso, o governo republicano colocou na mira os estudantes estrangeiros de Harvard, que no último ano letivo representaram 27% do corpo discente, constituindo uma importante fonte de receitas.

Uma ordem emitida pela Casa Branca em junho declarou que a entrada de estudantes internacionais para iniciar um curso em Harvard seria "suspensa e limitada" durante seis meses e os vistos dos alunos estrangeiros poderiam ser revogados. Mas esta medida foi suspensa por um juiz.

No início de julho, o governo instou Harvard a apresentar os registros relacionados aos estudantes supostamente envolvidos na onda de protestos estudantis pró-Palestina do ano passado, considerados pela Casa Branca como antissemitas.

Washington também notificou o organismo responsável por credenciar Harvard como universidade para revogar seu credenciamento, alegando que a instituição infringiu as leis federais de direitos civis ao não proteger os estudantes judeus.

T.Mitsotakis--AN-GR