

Rússia diz que deve participar do diálogo sobre garantias de segurança à Ucrânia
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, afirmou, nesta quarta-feira (20), que um diálogo sobre garantias de segurança para a Ucrânia sem a participação de seu país "não levará a lugar nenhum", antes de uma reunião de chefes militares da Otan.
Os chefes do Estado-Maior dos exércitos da Otan devem se reunir por videoconferência nesta quarta-feira para discutir possíveis garantias de segurança para a Ucrânia, como parte dos intensos esforços diplomáticos para encerrar o conflito.
A reunião ocorre em meio ao frenesi diplomático impulsionado pela cúpula do Alasca entre o presidente americano, Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin, na semana passada.
Na terça-feira, Trump declarou sua disposição de fornecer apoio aéreo como garantia de segurança para a Ucrânia em caso de acordo com a Rússia, mas descartou o envio de tropas terrestres, missão que caberia aos aliados europeus.
"Eles estão dispostos a enviar pessoas para o terreno", disse o magnata republicano à Fox News, referindo-se aos líderes europeus que recebeu na Casa Branca durante seu encontro com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
Além das questões territoriais, as garantias de segurança que a Ucrânia exige para dissuadir a Rússia são uma questão central nas negociações diplomáticas para abrir caminho para a paz.
Nos últimos meses, europeus e americanos levantaram diversas possibilidades, que vão de garantias semelhantes às desfrutadas pelos membros da Otan ao envio de um contingente militar para a Ucrânia ou apoio ao treinamento militar.
A Rússia rejeita categoricamente a maioria dessas possibilidades, já que considera a expansão da Otan em direção às suas fronteiras uma das "causas profundas" do conflito.
Lavrov afirmou que falar de garantias de segurança sem a Rússia "é utópico e não levará a lugar nenhum".
A Rússia já alertou que qualquer acordo de paz deve garantir a sua própria "segurança" e a das pessoas que falam russo na Ucrânia, argumento que utilizou para iniciar a ofensiva em 24 de fevereiro de 2022.
- "Escalada" -
Todos os participantes do encontro na Casa Branca celebraram os avanços nas garantias de segurança para Kiev, um tema crucial, e declararam que o presidente russo aceitou comparecer a uma reunião de cúpula com Zelensky nas próximas semanas.
Trump indicou, na segunda-feira, que, se a reunião bilateral fosse bem-sucedida, poderia acontecer depois um encontro trilateral com a sua participação.
O chanceler russo acusou os líderes europeus que acompanharam Zelensky em Washington de provocar uma "escalada agressiva da situação" ao tentar influenciar "de forma inadequada" Trump a continuar armando a Ucrânia.
Quase 30 aliados de Kiev, reunidos na "coalizão de voluntários", conversaram na terça-feira por videoconferência - um evento convocado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, e pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer - para se informar sobre as conversas em Washington.
As equipes de planejamento europeias e americanas devem entrar em contato nos "próximos dias para preparar a mobilização de uma força de segurança caso as hostilidades cheguem ao fim", indicou um porta-voz de Starmer.
Kiev acredita que, mesmo com o anúncio de um acordo de paz, Moscou tentará novamente uma ofensiva.
- Concessões territoriais -
A questão das concessões territoriais exigidas pela Rússia continua sendo uma grande incógnita, enquanto suas tropas ocupam quase 20% do território da Ucrânia.
Assim como os europeus, os Estados Unidos afirmam que o tema deve ser solucionado diretamente entre Rússia e Ucrânia, que até agora se recusa a ceder seu território.
Para o chefe de Governo alemão, Friedrich Merz, Kiev não deveria ser obrigada a fazer concessões territoriais.
Trump, no entanto, pediu "flexibilidade" a Zelensky e afirmou que a Ucrânia terá que se resignar, em particular com a região do Donbass, integrada por Donetsk e Luhansk, fronteiriças com a Rússia.
U.Mylonas--AN-GR